Linfócitos atípicos

O que é um linfócito reativo?

Trata-se de um leucócito não maligno de origem linfoide, gerado a partir de um linfócito normal (sem atipia) do tipo T ou B que depois de transformado irá gerar vários clones para combater a infecção. 

O linfócito reativo (LR) pode ser produzido em diversas patologias, principalmente aquelas de origem viral.  Foi descrito pelo médico Wilhelm Turk (1871-1916) no ano de  1907 no em pacientes de mononucleose infecciosa. Por este motivo esta célula também pode ser conhecida por "célula de Turk", assim como célula de Dawney (mais usado quando aparecem na mononucleose infecciosa) e linfócito atípico. No entanto LR é o termo de escolha a ser usado para nomear esta célula pela recomendação da International Council for Standardization in Hematology (ICSH)

Um  (LR) é um linfócito que possui uma atipia, ou seja, possui características diferentes do linfócito tradicional, principalmente diferenças morfológicas. Tradicionalmente encontramos 2 tipos principais de LR quanto a sua morfologia, LR ativado e o LR parado.


Linfócito reativo ativado e linfócito reativo parado


Podemos dizer que o termo "linfócito reativo ativado"  é redundante, já que todos os LR estão ativados, o fato é que se atribuiu às duas formas que podem se apresentar no sangue periférico estas nomenclaturas que ajudam na sua identificação, ou seja, os termos "parado"  ou "ativado" se tornaram uma forma informal de diferencias estas células.

L.A. parado-Basofilia intensa no citoplasma
Fonte: @atlasemhematologia
O LR  "parado" costuma se apresentar maior que um linfócito sem atipia, sua característica marcante  está na basofilia intensa de seu citoplasma (extremamente azulado), embora a relação núcleo citoplasma(N/C) ainda esteja aumentada é mais abundante do que em um linfócito comum.  O núcleo é regular e a cromatina é condensada apresentando alguns estriamentos mais claros (comum dos linfócitos).

Já o LR ativado foge totalmente  as características tanto do LR parado quanto dos linfócitos sem atipia. Muitas vezes o LR ativado é confundido com células blásticas tamanha as alterações que apresentam. Esta possui um dismorfismo característico em seu contorno, que se torna mais evidente quando esta célula está cercada pelas hemácias ou outras células, que parecem ser contornadas por esta célula.

Apresenta tamanho progressivamente maior que os demais linfócitos, pois está expandindo seu citoplasma, consequentemente seu núcleo pode acompanhar as projeções do citoplasma tornando-se bastante irregular e em vários formatos. A cromatina nuclear é frouxa  e muitas vezes é possível a visualização de nucléolos. 







Em  indivíduos normais estas células representam na maioria das vezes menos de 1% dos linfócitos totais presentes. Níveis elevados desta célula indica resposta ativa a agentes antigênicos, sendo comuns em algumas doenças, principalmente aquelas com causas virais. 

Uma das principais patologias que eleva a contagem de LR é a mononucleose infecciosa que ocorre pela infecção do vírus Epstein-Barr. Outras infecções virais incluem: Infecção por Citomegalovirus,  Adenovírus, Rubéola, Varicela, Herpes (simples e zoster), Meningite linfocitária, AIDS em fase inicial. 

O fato dos LR estarem mais associados as infecções virais rendeu a estas células o termo "virócitos", no esse termo deve ser evitado , já que os LR também podem estar presentes em outras situações, como em infecções bacterianas na brucelose, tuberculose e sífilis. Também em Infecções por protozoários como na Toxoplasmose, Malária, Babesiose. Ou ainda em casos de hipersensibilidade a drogas, como é o caso de: fenotiazimas, ácido-aminosalísilico, sulfasalazina, entre outros.



Para os analistas


Os contadores automatizados não conseguem distinguir os LR dentro de sua anormalidades. Desta forma os contadores irão emitir um alerta (flagging) apontando para a necessidade de revisar em microscopia o esfregaço sanguíneo. 

A pesar de apresentarem evidentes diferenças, não é necessário especificar em laudo o tipo de LR que foi encontrado, ambos estarão representados na contagem diferencial como LR ou atípicos. 

Pode  haver leucocitose quando pelo aumento  da contagem dos linfócitos atípicos  e dos próprios linfócitos normais. No entanto não são todas as patologias que isso ocorre, ou seja, os LR's podem estar presentes mas sem a a leucocitose.


Para fins de quantidade seguem valores de referência:

Recém nascidos: 7-10* células
Crianças:  0-6*
Outros: 0-4

 *As contagens maores em crianças se explicam pelo período inicial do desenvolvimento do sistema imunológico





REFERÊNCIAS:

1. BAIN, Barbara J. Células sanguíneas-Um guia prático. 4. ed. Artmed. 487 p. 2007.


2. FAILACE, Renato; FERNANDES, Flavio Beno; FAILACE, Rafael. Hemograma-Manual de interpretação. 5. ed. Artmed. 424 p. 2010.

3. FLEURY, Marcos. Hematoscopia: O que deve ser reportado? Disponível em: <http://www.pncq.org.br/uploads/2017/workshops-44cbac/Hematoscopia-Marcos.pdf>. Acesso em: 08 de maio de 2019.


4. HOFFBRAND, Allan Victor; MOSS, P. H. A.. Fundamentos em Hematologia. 6. ed. Artmed. 454 p.2013.

5. LABCLIM DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS. Laudos. Disponível em: <http://www.cmmg.edu.br/wp-content/uploads/2013/08/laudos.labclim.com_.br_arlaudo_TEMP_lugnndnznqqxapf40xor2b55_06-07-2013_19-04-53.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2019. 

6. SIMON, Michael W. The Atypical Lymphocyte. International Pediatrics. Volume 18. N°1. p. 20-22. 2003.


7. SOUSA, Adriano Machado de. Linfócitos e suas atipias reacionais. 2011-2012. 14 f. Atlas citológico de conclusão de curso de citologia clínica e laboratorial da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto-SP. 2012.








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